segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Espetáculos de Improviso

Olá galera! A paz do Senhor!

  Hoje estou postando um texto que fala sobre os espetáculos de improviso. Este texto é um misto de várias fontes com uma breve história deste tipo de espetáculo, algumas dicas e o sistema Viola Spolin, para improviso. Espero que gostem!

Grande Abraço!

Pedro Rois

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Commedia dell’Arte (Origem do espetáculo de improviso)
O teatro moderno começa na Itália no século XVI, rompendo com as tradições medievais populares e tentando imitar os modelos antigos do teatro grego e romano. 
Inúmeras peças imitam as comédias de Plauto e Terêncio: mas só uma peça, “A Mandrágora”de Maquiavel, com um humor amargo e crítico, tem valor superior, sendo considerada a grande comédia Renascentista.. 
 Na mesma época, Ruzzante apresenta um teatro muito original inspirado nos elementos plautinos em representações populares.
A Comédia Del’Arte surgiu nessa época, como uma reação ao teatro literário que já não chamava a atenção do público. Alguns atores se reuniram e resolveram tomar conta da cena, sem depender dos autores. É uma forma original italiana com textos improvisados e tipos regionais (baseados nos elementos plautinos). A comédia Dell’Arte dominou a cena européia até o século XVII. Era o teatro do ator, não havia texto e os atores representavam usando como base um roteiro o que era chamado de “representar a soggetto”. 
Os atores usavam máscaras e se preocupavam com uma preparação corporal acrobática/ coreográfica, vocal e mímica.Os roteiros eram muito ricos, apresentavam sempre um grande número de personagens, mas os tipos eram fixos e representados pelos mesmos atores. Havia o célebre personagem Arlechino (o criado astuto) e também Colombina, Pantaleone, Brighela, Dottore, Capitano, Spinetta. Etc.
 O maior comediógrafo italiano do século XVIII, Carlo Goldoni (Veneza - 1707 a 1793), inspirou-se na Comédia Dell’Arte para criar.

O improviso – o que é?
Segundo mestre Aurélio...
Improvisar: fazer arranjar, inventar ou preparar às pressas, de repente (improvisar uma fantasia, improvisar uma mentira); falar, escrever, compor, sem preparação, de improviso (improvisar um discurso).

De suas palavras podemos deduzir no mínimo duas coisas. A primeira: que improvisar requer imaginação (inventar). A segunda: que, junto ao verbo, vem um sentimento de urgência (preparar às pressas). E tais atributos estão aqui restritos ao universo cotidiano, pois quando entramos no terreno teatral, muitas outras premissas se fazem indispensáveis, embora não ser raro desprezá-las ou ignorá=las. Vamos a algumas delas.

Disponibilidade
Antes de qualquer outra coisa, o aluno/ator tem que tentar se colocar em um estado de total disponibilidade, pois só assim conseguirá interagir verdadeiramente com seus parceiros através dos estímulos que recebe e envia. Mas atenção: estar disponível para o outro não significa aderir a qualquer proposta apresentada, se esta se afigura como um disparate. Neste caso, e sem interromper a improvisação, o aluno deve buscar uma alternativa imediata para dar um novo rumo (ou tornar mais plausível) a uma iniciativa equivocada de seu colega, sem questioná-la com palavras inúteis e sempre priorizando a ação.

Coragem
De todas as artes, a do ator talvez seja a que implique nos maiores riscos, posto que exercida ao vivo e sem qualquer tipo de intermediação com a platéia. Ou seja: mesmo que uma peça tenha sido exaustivamente ensaiada, ou já esteja em cartaz há muito tempo, nada impede que numa determinada noite ocorra algum imprevisto que obrigue o ator a esquecer o combinado e partir corajosamente para uma solução improvisada - afinal, o show não pode (ou não deve) parar. Neste caso, a URGÊNCIA de encontrar uma saída convincente estimulará ao máximo a IMAGINAÇÃO do intérprete.
Entretanto, o ato de partir corajosamente para uma solução improvisada não nasce do nada, mas certamente é fruto de um treinamento específico, de preferência constante, ao qual todos os intérpretes devem se submeter, sejam eles profissionais consagrados ou jovens que estejam dando início ao seu aprendizado. E ainda que alguns exibam mais facilidade para improvisar do que outros, a coragem de lançar-se em um terreno desconhecido é essencial para qualquer um que pretenda intitular-se ATOR.

Medo
Atores ou não, todos temos medo, ainda que em graus variados, de nos confrontarmos com o desconhecido. Isso significa penetrar em um local isento de referenciais tranqüilizadores, uma espécie de terra de ninguém, de onde podemos retornar mais enriquecidos ou com inquietações que não supúnhamos ter. Mas esta é uma das regras do jogo e para usufruí-lo plenamente é preciso ao menos tentar esquecer, momentaneamente que seja, todos os receios que tendem a nos paralisar e impedir de vivenciar novas experiências. É claro que essa disponibilidade não nasce de uma hora para outra, mas também jamais ocorrerá por insistência do professor ou em decorrência de qualquer outro tipo de estímulo externo. O aluno tem que querer e é essa vontade que o fará superar aos poucos todos os bloqueios que o inibem.

Sempre que estiver improvisando...
1) Procure, sempre que possível, fugir de seu universo pessoal.
2) Fale apenas o essencial. Palavras em excesso comprometem os sentimentos.
3) Aprenda a escutar os outros. Só assim os outros escutarão você.
4) Não faça questão de impor suas idéias. É importante aceitar outras.
5) Contracenar implica em troca: saber dar e saber receber.
6) Teatro é ação, não digressão (enrolação).
7) Quando perceber uma dificuldade, invista nela.
8) Reaja prontamente a todos os estímulos, sem maiores racionalizações.
9) Pense sempre que você está atuando para alguém.
10) Não sofra se algo der errado numa improvisação. Acertos só nascem de equívocos.


O sistema de Viola Spolin
Viola é uma autora conhecida internacionalmente por sua contribuição metodológica tanto para o ensino do teatro nas escolas e universidades como para a prática da arte cênica
O sistema de Viola Spolin é o resultado de pesquisas realizadas durante anos, junto a grupos de teatro improvisacional. 
Retoma a trilha iniciada por Stanislavski, o primeiro a levantar interrogações fundamentais sobre o processo de educação no teatro. O jogo de improvisação passa a ter o significado de descoberta prática dos limites  do indivíduo, dando ao mesmo tempo as possibilidades para a superação desses limites. Longe de estar submisso a teorias, sistemas, técnicas ou leis, o ator passa a ser o artesão de sua própria educação, aquele que se produz livremente a si mesmo.
Viola Spolin em seu livro “Improvisação para o teatro”, nos traz inúmeros exercícios para o jogo dramático que podem servir de treinamento para o ator em formação. É um método especial de se chegar a uma interpretação improvisada com base no jogo dramático que é instintivo no homem. O jogo Dramático é diferente de uma encenação teatral porque;
·        É informal
·        Não respeita rigidamente um roteiro
·        Não exige presença de público
É considerado um treinamento para a vida e para a prática teatral; tem objetivos pedagógicos, sociais e terapêuticos.
O jogo dramático é improvisado e trabalha-se usando os elementos da linguagem teatral:
·        FOCO (ponto de concentração/o objetivo principal da ação)
·        ONDE (cenário/ambiente)
·        O QUE (ação dramática)
·        QUEM (personagem)
Pode-se usar o processo de Viola Spolin em conjunto com o sistema Stanislavski, para trabalhar um personagem, da seguinte forma:
·        Escolher um personagem: QUEM
·        Determinar o ONDE: Cenário
·        O QUE: Ação Dramática, história.
Descobrir quem é a personagem, em cujo nome vamos agir, através das circunstâncias propostas:
·        Como ele é:
o   Interior – pesquisar e fazer uma descrição psicológica do personagem.
o   Exterior – Pesquisar e fazer uma descrição física do personagem.
·        Onde vive?
·        Porque vive?
·        De onde e porque veio?
·        O que quer (vontade)
·        O que não quer (contra - vontade)
(pode-se adquirir essas informações através da leitura e análise do texto (AUTOR), da pesquisa da época (costumes, moda, sistema político, biografias etc.) e da imaginação criativa do ator).

Descrever como o PERSONAGEM agiria em determinada Ação dramática dentro de determinado CENÁRIO/AMBIENTE
 Adequar a ação do personagem (Quem) às 5 características da ação:
·        Precisa ter Lógica
·        Deve ser Contínua e Ininterrupta
·        Agir sempre com um objetivo,
·        Aspecto interior do personagem (emoções, sentimentos, pensamentos).
·        Aspecto exterior do personagem (mentalizar e descrever como ele é fisicamente)
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